1926

Carta 5

Évora, 2 de Janeiro de 1926

Reverenda Madre

O aniversário de sua Santa Irmã não foi esquecido no meu Seminário. Celebrámos uma piedosa cerimónia em sua honra, e consagrámos-lhe um altar na igreja do Seminário.

Tive a honra de verificar, na minha alocução aos seminaristas, que a chuva de rosas descera sobre nós, e que o Seminário fizera progressos muito sensíveis depois da inauguração do culto da bem-aventurada Teresa, com indulto apostólico, há precisamente um ano. Agora não é necessário o indulto, mas é a própria Sé Apostólica que nos convida a prestar culto a Santa Teresa de Lisieux. Eis a feliz mudança pela qual a felicito mais uma vez.

Também a felicito pelo sucesso magnífico das festas de Setem­bro, às quais sonhei assistir. Nesses dias parece que uma cintilação do céu passou por Lisieux. A Santinha cumpriu o que prometeu.

Tenho esperança que ela há-de proteger cada vez mais o meu Seminário e a minha diocese que precisa de milagres, mas de gran­des milagres, para retomar a sua antiga vitalidade. Precisamos sobretudo de padres, de almas de apóstolos, e é isto justamente o que ela chamava de seus desejos.

No céu isso certamente não lhe interessará menos, especialmente se as suas Irmãs lho pedirem. Daí a minha esperança.

Como estou a escrever na madrugada de um novo ano, desejo-lhe e à sua piedosa Comunidade, que ele seja repleto de graças e bênçãos.

Abençoo-a de todo o meu coração, com a expressão dos meus cumprimentos muito respeitosos.

+ Manuel, Arcebispo de Évora

Carta 6

Évora, 21 de Outubro de 1926

Reverenda Madre

Que o amor de Deus reine sempre nos nossos corações!

Estou feliz por ver os progressos da devoção à sua santa Irmã e que constituem um milagre talvez maior que os prodígios operados sem tréguas nem descanso por sua intercessão. A chuva de rosas não cessa, e é cada vez mais abundante. A influência que exerce na vida do meu Seminário manifesta-se de maneira reconfortante, e esperamos ainda mais graças.

Escrevo-lhe hoje precisamente para lhe pedir uma graça muito necessária e muito premente. Trata-se de uma alma que deve ser cara à Santinha, que tanto amava os padres e ardia de desejo da santificação deles.

Um pobre padre da minha diocese, que teve a infelicidade de cair, reconheceu o seu erro e gostaria de o reparar, mas há uma pessoa que se opõe, e ameaça matar-se se ele seguir outro caminho. Nestas condições, ele não tem coragem de romper, e sofre horrivelmente. É um verdadeiro drama que impressiona. Acredito na sua sinceridade e bem queria ajudá-lo, mas não posso.

A graça que eu quero pedir à Santinha é a resolução deste caso, e, naturalmente, a conversão daquela pessoa. Atrevo-me a pedir-lhe uma novena por esta intenção. A Santa não deixará de escutar as orações da sua comunidade, e sobretudo as das suas Irmãs. Uma pequena oração bastará.

É o pobre padre que pede este favor e vai enviar amanhã uma pequena oferta para o seu mosteiro. Mas escrevo-lhe já hoje pois há pressa e não há tempo a perder.

Se a Madre soubesse como eu também sofro com esse caso e como o meu ministério é afectado pelos problemas que daí resul­tam! Vê-se bem que Satanás não está contente e que faz esforços desesperados para segurar a presa. Santa Teresa do Menino Jesus lha tirará.

Aceite, minha reverenda Madre, a expressão dos meus cumpri­mentos muito respeitosos.

+ Manuel, Arcebispo de Évora

    

PLANO DO SÍTIO